Neguinho Orlando não era só um bambambam do samba. Era amigo dos amigos. Era daqueles que falava pouco mas dizia tudo. Músico, compositor, intérprete mas, antes de tudo, negro consciente e orgulhoso de suas origens.
A saúde vinha rateando há muito tempo e o Neguinho toureando a onça. Semana passada Carlinhos Maracanã lhe fez uma visita e Neguinho com toda aquela capacidade de resignação e humildade lhe disse já com dificuldade pra falar:
-"Maraca, meu irmão, não precisa se preocupar comigo não. Voce tem que pegar dois ônibus pra chegar aqui no HB... Não esqunta não. Eu sei... eu já aprontei demais".
Vou me lembrar do Neguinho tocando cuíca, quieto, com a lingua escorrendo pelo canto da boca, cara triste e coração alegre.
Malandro não morre. Canta pra subir e limpa da área. Neguinho cantou e subiu prum pagode astral.
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